Por José Vitor
de Paula Santos - 1ºB
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
pôs-se na torre a sonhar
viu uma lua no céu,
viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
banhou-se toda em luar...
queria subir ao céu.
queria descer ao mar...
E, no desvario seu
na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu.
Estava longe do mar.
E como um anjo pendeu
as asas para voar...
Queria a lua do céu,
queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus de Guimaraens)
Mar
português
Ó
mar salgado, quanto do teu sal
São
lágrimas de Portugal
Por
te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos
filhos em vão rezaram
Quantas
noivas ficaram por casar
Para
que fosses nosso, ó mar!
Valeu
a pena?
Tudo
vale a pena,
Se
não é pequena.
Quem
quer passar além do Bojador
Tem
que passar além da dor.
Deus
ao mar o perigo e o abismo deu
Mas
nele é que espelhou o céu
(Fernando Pessoa)
Contemplo o lago mudo
Contemplo
o lago mudo
Que uma
brisa estremece.
Não sei
se penso em tudo
Ou se
tudo me esquece.
O lago
nada me diz,
Não sinto
a brisa mexê-lo
Não sei
se sou feliz
Nem se
desejo sê-lo.
Trêmulos
vincos risonhos
Na água
adormecida.
Por que
fiz eu dos sonhos
A minha
única vida?
(Fernando
Pessoa)